segunda-feira, 19 de abril de 2010

A grande ironia do amor em tempos atuais

Apesar de muita gente discordar, eu considero 500 Days Of Summer uma comédia romântica se levar em conta a graça da ironia da história. Mas o filme é mais do que isso ao representar as frustrações amorosas e o amadurecimento da geração 2000.
Aposto que boa parte das pessoas influenciadas pela "cultura indie" se identificam com Tom, típico trabalhador moderno em busca da garota ideal. Seu emprego numa empresa de cartões comemorativos não poderia sugerir outra coisa senão a fase pós faculdade, carregada de ideais românticos.
Num belo dia aparece Summer, a nova e encantadora secretária do chefe em quem, aos poucos, Tom vê a garota dos seus sonhos. Os dois se aproximam devido a muitos gostos em comum, menos o ponto de vista sobre o amor. Ao contrário de Tom, Summer não é uma garota que gosta de se comprometer, por consequência não havendo de sua parte uma entrega total.
O filme se passa em flashs com idas e voltas no tempo mostrando o ponto de vista de Tom sobre os 500 dias de envolvimento com Summer. Ao longo dessa "análise" ele amadurece e percebe pontos que abafados pelo seu sentimentalismo, quebrando o pensamento da pessoa ideal e mudando o rumo de sua vida.
Ótimo pra corações partidos, pra quem gosta de cultura pop, pra quem gosta do que se chama de indie e pra quem sabe que o amor não é perfeito.

500 Days Of Summer (2009)
Diretor: Marc Webb
Fonte: IMDB

terça-feira, 13 de abril de 2010

Rumo à tragédia

Não é exagero dizer que Breaking the Waves ( que no Brasil chegou com o título de novela mexicana Ondas do Destino), do Lars von trier, é uma jornada rumo à tragédia. Quem conhece o diretor sabe que não se pode jamais esperar por um final feliz em seus filmes. Nem mesmo quando ele trata de um tema divino.
Bess McNeil é uma mulher instável por causa de problemas mentais - a gente logo nota na primeira cena - que vive numa cidade pequena, pacata e extremamente conservadora da Escócia nos anos 70. A história começa quando ela se casa com Jan, um dinamarquês que trabalha numa plataforma de petróleo. Ela assume diante dos homens da igreja a responsabilidade pelo significado do matrimonio também por ele, já que era estrangeiro.
Feliz com aquela nova vida cheia de novidades, Bess agradece a Deus pelo seu casamento, mas após uma crise sua, Deus - em tom autoritário - a adverte do egoísmo ao querer Jan próximo o tempo todo - ele tinha de voltar ao trabalho na plataforma por alguns dias - e que ela tinha de se comportar melhor. Mesmo assim, Bess não aguenta e pede para que o traga de volta.
Deus houve as preces de Bess e lhe devolve Jan tetraplégico (por conta de um acidente na plataforma). Bess fica desesperada pois, apesar de agora estarem juntos, não queria o marido na naquela situação instável, então Deus lhe dá a escolha de salvá-lo se provasse seu amor.
Bess aceita a proposta de Deus, mas não esperava que Jan pedisse para que fizesse sexo com outros homens e relatasse a experiência em detalhes. Para ele essa era a forma de se colocar no lugar destes homens e se sentir sexualmente ativo e vivo (vai entender!). Então Bess se lança em direção a uma dolorosa jornada - digna de histórias de santos católicos - em nome do amor e da fé. A consequência dessa essa escolha? Sua vida ir por água abaixo.
Dos filmes do Lars que já vi, na minha opinião, esse é o melhor por mostrar sua visão dura e irônica do divino, dentro de um certo extremismo cristão. Dividido em capítulos, a história cresce progressivamente e o estilo câmera na nos dá a impressão de que estamos andando ali do lado de Bess, o que torna seu sofrimento uma experiência real para o espectator - uma das sacanices no qual Lars von Trier é mestre.
A atuação INCRÍVEL da Emily Watson rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz em 1997. Em Cannes ganhou o Grande Prêmio do Júri e alguns outros prêmios.
Pra quem também quer viajar no clima bucólico com lindas paisagens do litoral...

Breaking the Waves (1996)
Diretor: Lars von Trier
Fonte: IMDB