quinta-feira, 29 de julho de 2010

Mais homossexuais versus dogmas


Anunciado por aí como a visão judaica do homossexual, o filme Einaym Pkuhot (Eyes Wide Open, título comercial, 2009) não trás nada de absolutamente novo se comparado aos outros filmes que tratam do gay e da religião. O que muda aqui são os cenários e os dogmas que, como os outros anulam a liberdade, seja de escolha ou de pensamento de seus personagens, criando a tensão.
Um açougueiro, casado e cheio de filhos, vive sua vida pacata em jerusalém. Um certo dia, tem sua rotina abalada com a chegada de um belo jovem a procura de abrigo e trabalho.
Ao longo do tempo que passam juntos no açougue, surge um sentimento que é controlado até o limite. Com a consumação da relação proibida, o personagem principal Aaron passa a sofrer com os conflitos ideológicos assim como com a pressão dos líderes de sua religião, que lhe dizia que sua homossexualidade era uma provação divina que, após superada ele conquistaria sua redenção.
Outras questões da liberdade são abordadas ao mostrar outro caso, desta vez sobre uma moça que não queria se casar com o homem designado pela sua família e sim com o de sua escolha, sofrendo a mesma pressão dos líderes religiosos, chegando até a vetar o comércio da família dela.
As cenas, com poucos diálogos casa-se bem com a atmosfera de segredo na qual os personagens estão inseridos. É um filme que fala muito pelas imagens e atos simbólicos, faz analogias com o açougue como refúgio da carne, a bela cena do lago onde os personagens cometem uma grave profanação consumando a liberdade sobre os dogmas. Tudo isso torna o filme bastante singular diante dos demais que falam sobre o assunto.
Exibido em Cannes em 2009 na mostra Um Certo Olhar, perdeu a Palma pro concorrente de peso Dente Canino (Kynodontas).

Einaym Pkuhot (2009)
Diretor: Haim Tabakman
Fonte: IMDB

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Balões e amizade


Sou daquele tipo que se acomodou e não vai ao cinema pra ver qualquer coisa. O problema é que aqui em Palmas as estreias são bem fracas, então conto nos dedos as coisas boas que já vi. Também conto nos dedos algumas coisas boas que perdi e Up (2009) foi uma delas.
Certo dia, depois da faculdade, num sábado de manhã, passo pela locadora antes de ir pra casa e encontro o filme pra alugar. Peguei a caixa na hora e virei pra ler a sinopse quando me deparo com o símbolo de Cannes logo abaixo. Ali dizia que o filme tinha sido a abertura da edição de 2009. Isso me deixou mais curioso ainda. O problema é que, quando a moça foi procurar o dvd, viu que ele já tinha sido alugado e que ela tinha esquecido de tirar a caixa da prateleira. Acabei não levando. OK.
Outro dia, finalmente consigo pegá-lo e, num domingo, até a família se juntou pra ver (o que é muito raro porque ninguém aqui gosta dos filmes que eu costumo pegar). Logo nos primeiros dez minutos já sofri aquele baque com uma das introduções mais lindas de todos os tempos da Disney, na minha opinião. Não tem como não se emocionar com aquela história e com aquelas imagens lindas.
Aliás, grande forte do filme é a fotografia digital. Foram produzidos cenários lindos, sem querer parecer real demais, no estilo de Os Incríveis.
O filme conta a história de Carl Fredricksen, um velho solitário e do pequeno escoteiro Russell, um garoto bondoso e também carente de afeto que partem numa viagem (que na verdade é uma fuga e também uma prova de amor) com a casa balão (que também é um personagem importante da história) para a América do Sul.
As situações dessa viajem os coloca diante de seus dilemas que ali são obrigados a encarar. Isso mostra como aquelas duas pessoas de idades tão opostas encaram o problema da solidão, sendo a amizade a chave para a resolução do problema de ambos.
Vencedor do Oscar de melhor animação e canção (uma obra prima!), sendo também indicado a melhor filme, conquistou a crítica. Bem merecido, se tratando de um filme muito sensível em vários aspectos. Daqueles que vale a pena ter na coleção.
Up (2009)
Direção: Pete Docter e Bob Peterson
fonte: IMDB

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A grande ironia do amor em tempos atuais

Apesar de muita gente discordar, eu considero 500 Days Of Summer uma comédia romântica se levar em conta a graça da ironia da história. Mas o filme é mais do que isso ao representar as frustrações amorosas e o amadurecimento da geração 2000.
Aposto que boa parte das pessoas influenciadas pela "cultura indie" se identificam com Tom, típico trabalhador moderno em busca da garota ideal. Seu emprego numa empresa de cartões comemorativos não poderia sugerir outra coisa senão a fase pós faculdade, carregada de ideais românticos.
Num belo dia aparece Summer, a nova e encantadora secretária do chefe em quem, aos poucos, Tom vê a garota dos seus sonhos. Os dois se aproximam devido a muitos gostos em comum, menos o ponto de vista sobre o amor. Ao contrário de Tom, Summer não é uma garota que gosta de se comprometer, por consequência não havendo de sua parte uma entrega total.
O filme se passa em flashs com idas e voltas no tempo mostrando o ponto de vista de Tom sobre os 500 dias de envolvimento com Summer. Ao longo dessa "análise" ele amadurece e percebe pontos que abafados pelo seu sentimentalismo, quebrando o pensamento da pessoa ideal e mudando o rumo de sua vida.
Ótimo pra corações partidos, pra quem gosta de cultura pop, pra quem gosta do que se chama de indie e pra quem sabe que o amor não é perfeito.

500 Days Of Summer (2009)
Diretor: Marc Webb
Fonte: IMDB

terça-feira, 13 de abril de 2010

Rumo à tragédia

Não é exagero dizer que Breaking the Waves ( que no Brasil chegou com o título de novela mexicana Ondas do Destino), do Lars von trier, é uma jornada rumo à tragédia. Quem conhece o diretor sabe que não se pode jamais esperar por um final feliz em seus filmes. Nem mesmo quando ele trata de um tema divino.
Bess McNeil é uma mulher instável por causa de problemas mentais - a gente logo nota na primeira cena - que vive numa cidade pequena, pacata e extremamente conservadora da Escócia nos anos 70. A história começa quando ela se casa com Jan, um dinamarquês que trabalha numa plataforma de petróleo. Ela assume diante dos homens da igreja a responsabilidade pelo significado do matrimonio também por ele, já que era estrangeiro.
Feliz com aquela nova vida cheia de novidades, Bess agradece a Deus pelo seu casamento, mas após uma crise sua, Deus - em tom autoritário - a adverte do egoísmo ao querer Jan próximo o tempo todo - ele tinha de voltar ao trabalho na plataforma por alguns dias - e que ela tinha de se comportar melhor. Mesmo assim, Bess não aguenta e pede para que o traga de volta.
Deus houve as preces de Bess e lhe devolve Jan tetraplégico (por conta de um acidente na plataforma). Bess fica desesperada pois, apesar de agora estarem juntos, não queria o marido na naquela situação instável, então Deus lhe dá a escolha de salvá-lo se provasse seu amor.
Bess aceita a proposta de Deus, mas não esperava que Jan pedisse para que fizesse sexo com outros homens e relatasse a experiência em detalhes. Para ele essa era a forma de se colocar no lugar destes homens e se sentir sexualmente ativo e vivo (vai entender!). Então Bess se lança em direção a uma dolorosa jornada - digna de histórias de santos católicos - em nome do amor e da fé. A consequência dessa essa escolha? Sua vida ir por água abaixo.
Dos filmes do Lars que já vi, na minha opinião, esse é o melhor por mostrar sua visão dura e irônica do divino, dentro de um certo extremismo cristão. Dividido em capítulos, a história cresce progressivamente e o estilo câmera na nos dá a impressão de que estamos andando ali do lado de Bess, o que torna seu sofrimento uma experiência real para o espectator - uma das sacanices no qual Lars von Trier é mestre.
A atuação INCRÍVEL da Emily Watson rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz em 1997. Em Cannes ganhou o Grande Prêmio do Júri e alguns outros prêmios.
Pra quem também quer viajar no clima bucólico com lindas paisagens do litoral...

Breaking the Waves (1996)
Diretor: Lars von Trier
Fonte: IMDB

quinta-feira, 18 de março de 2010

Voltando ao útil inútil... ou não


Bom, meus projetos literários tem sido um fracasso (devido a minha falta de disciplina pra escrever e a faculdade que tem passado uns 10 livros por semana). Faz uns dias que venho pensando em voltar a falar sobre filmes, então estou de volta pra registrar o que ando vendo e a minha opinião (que não é lá grandes coisa, né?) sobre.
Por enquanto é só. Até logo.
foto by flickr

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quero ser um bom escritor


O conto do post abaixo me custou umas duas horas botando pra fora da cabeça toda a cena que eu tinha imaginado e planejado nos últimos dias. Quando decidi escrever esses contos pensei em duas coisas e uma delas foi a de aprofundar os personagens secundários porque quando a gente cria uma cidade inteira na ficção obrigatoriamente tem que criar os seus moradores. No meu caso eu fiz até demais!
Eu peguei como exemplo contrário tudo que eu já li e assisti que cometeu esse furo. Muita gente que vê/lê uma coisa pega amor por um certo personagem que não aparece muito, mas de vez em quando o autor acaba esquecendo dele e não dando um enredo paralelo satisfatório, quem dirá um final! Então essa série de contos vai se tornar meu "bloco de notas" dos personagens secundários (alguns protagonistas, tipo o Robie e a Diana, não são secundários mas vão ganhar um conto) que eu vou registrar aqui.
A outra coisa na qual eu pensei quando decidi escrever a série foi em algo mais prático pra mim, como autor. O romance tem dois tons de narrativa que não apresentam mudanças tão drásticas assim já que a estrutura não deixa de ser em primeira pessoa. Esse tom que falo está programada pra variar na segunda parte. Descomplicando, o texto vai mudar intencionalmente de tom conforme o personagem muda dentro da história abandonando uma visão imatura para se tornar mais seca, objetiva, talvez até ofensiva em alguns casos. Descomplicando mais ainda, o que o narrador chamava de "cocô" passará a chamar de "merda". Nos contos eu vou narrar em terceira pessoa e vou experimentar outras estruturas de narrativa e tom de acordo com o personagem e sua história. O do Robie, por exemplo, foi a narrativa de um momento sexual do romance e pra isso exigia uma visão passional, fantasiosa e erótica porque era isso que o personagem estava vivendo. Já no próximo conto, que será de um suicida que não consegue sentir nenhuma outra emoção além do "vazio existencial", a coisa se aprofunda na área filosófica. Vou me tornar um autor frio ao descrever os fatos, a parte emocional vai ficar por conta dos diálogos (quase sempre sobre uma visão sem emoção do personagem).
A mudança de tom e tipo de enredo sempre será de um conto pro outro e muitas vezes será bastante radical. Esse exercício vai ser registrado aqui. Opiniões e sugestões (falo pra aqueles que nem conheço que talvez passem pelo meu blog por acaso) estão sempre bem vindas, adoro receber elogios (quando o texto for bom) pelos meus escritos. Não sou um profissional mas quero escrever algo não só "bom", mas "muito bom".
*foto by flickr

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Sobre alienação e criatividade


Mais uma vez relembrando de hábitos de quando eu tenho e quando não tenho internet.
Não sei se esse problema é só meu, mas quando minha internet "se vai" por algum tempo, de repente uma criatividade surge e eu fico aloka pra escrever. Escrevo pro meu romance em andamento (desde 2006 -q). As idéias surgem e a inspiração vem com a falta do que fazer - coisa bem de vagabundo haha. Pego os melhores filmes pra rever, vejo meus episódios preferidos de Skins, leio revistas, novas, antigas, femininas, adolescentes, renomadas(...).
Agora o desafio é fugir da alienação da internet e manter a criatividade e o entretenimento, sem um atrapalhar o outro. Força de vontade não era muito o meu forte, mas de uns tempos pra cá só tem acontecido quebra de maus hábitos na minha vida HOHO!.
Uma das minhas idéias recentes foi a de escrever crônicas pra complementar minha história em estilo de seriado (Skins). Cada uma dessas crônicas conta o dia de algum personagem coadjuvante o tendo como protagonista, mostrando sua vida em casa, na escola, com as outras pessoas e os sentimentos controversos em pontos diferentes da narrativa do romance. É uma forma legal de aprofundar os personagens secundários, dando uma história digna pra cada um. Vai que, sei lá, meu livro faça sucesso! Depois eu posso vender as crônicas também e tirar mais um dinheiro.
É muito divertido escrever, gostaria de ter a chance de fazer isso profissionalmente - HAHA, me imaginando ganhando dinheiro pra esccrever sobre o que eu gosto *-*. Pelo menos me orgulho de dizer que já sou um autor citado (H). Sou meloso e fico envaidecido quando elogiam meu "trabalho".
Então minha vagabundagem até que é mais bem vista do ponto intelectual (olha eu suavizando!), porque se todo "vagabundo" se dedicasse a escrever um livro, talvez teríamos mais coisas "loucas" (outras não, né?) e boas (ou não, né?) pra se ler.
Imagem: Flickr